sexta-feira, 28 de novembro de 2008

CRUZ E SOUZA


João da Cruz e Souza nasceu em 21 de novembro de 1861 em Desterro, hoje Florinaopolis, Santa Catarina. Seu pai e sua mãe, negros puros, eram escravos alforriados pelo marechal Guilherme Xavier de Sousa. Ao que tudo indica o marechal gostava muito dessa família pois o menino João da Cruz recebeu, além de educação refinada, adquirida no Liceu Provincial de Santa Catarina, o sobrenome Sousa.
Cruz e Souza é, sem sombra de dúvidas, o mais importante poeta Simbolista brasileiro, chegando a ser considerado também um dos maiores representantes dessa escola no mundo. Muitos críticos chegam a afirmar que se não fosse a sua presença, a estética Simbolista não teria existido no Brasil. Sua obra apresenta diversidade e riqueza.

Um dos seus poema mais importantes:

Cruz e Souza

FLOR DO MAR

És da origem do mar, vens do secreto,
do estranho mar espumaroso e frio
que põe rede de sonhos ao navio
e o deixa balouçar, na vaga, inquieto.
Possuis do mar o deslumbrante afeto,
as dormências nervosas e o sombrio
e torvo aspecto aterrador, bravio
das ondas no atro e proceloso aspecto.
Num fundo ideal de púrpuras e rosas
surges das águas mucilaginosas
como a lua entre a névoa dos espaços...
Trazes na carne o eflorescer das vinhas,
auroras, virgens músicas marinhas,
acres aromas de algas e sargaços...



ALPHONSUS DE GUIMARAENS

AFONSO HENRIQUES DA COSTA GUIMARÃES nasceu a 24 de julho de 1870 na cidade de Ouro Preto em Minas Gerais. Após cursar as primeiras letras, matriculou-se, em 1887, no curso de engenharia. No entanto, em 1888, morre sua noiva, Constança, filha de Bernardo Guimarães, autor de "A escrava Isaura". A morte da moça abalou moralmente e e fisicamente o poeta.
Doente, vem, em 1891, para São Paulo, onde matricula-se no curso de Direito da Faculdade do Largo São Francisco. Em São Paulo, colaborou na imprensa e entrou em contato com os jovens simbolistas. Em 1895, no Rio de Janeiro, conheceu Cruz e Souza. Após concluir o curso volta para Minas Gerais e, no ano de 1897, casa-se com Zenaide de Oliveira. Em 1906 é nomeado juiz em Mariana, onde falece em 15 de julho de 1921.
Apesar de ter se casado posteriormente, o amor por Constança marcou profundamente sua poesia. Além disso, o misticismo e a morte são outras características que marcaram profundamente sua poesia. O misticismo surge em decorrência do amor pela noiva e de sua profunda devoção pela Virgem Maria. A morte é vista como a única maneira de aproximar-se de sua Amada é também da Virgem Maria. Por isso, o amor é totalmente espiritual.

Além dessas influências, Alphonsus de Guimaraens foi influênciado também pelos escritores Verlaine e Mallarmé, a quem chegou a traduzir.


Soneto

Encontrei-te. Era o mês... Que importa o mês? Agosto,
Setembro, outubro, maio, abril, janeiro ou março,
Brilhasse o luar que importa? ou fosse o sol já posto,
No teu olhar todo o meu sonho andava esparso.

Que saudades de amor na aurora do teu rosto!
Que horizonte de fé, no olhar tranqüilo e garço!
Nunca mais me lembrei se era no mês de agosto,
Setembro, outubro, abril, maio, janeiro, ou março.

Encontrei-te. Depois... depois tudo se some
Desfaz-se o teu olhar em nuvens de ouro e poeira.
Era o dia... Que importa o dia, um simples nome?

Ou sábado sem luz, domingo sem conforto,
Segunda, terça ou quarta, ou quinta ou sexta-feira,
Brilhasse o sol que importa? ou fosse o luar já morto?

PARNASIANISMO

O parnasianismo foi um estilo literário que abusou da linguagem ornamentada e artificial. Apesar disso, vigorou durante muito tempo, desaparecendo só depois da década de 1920 por causa das críticas violentas dos modernistas.
Segundo o crítico Alfredo Bosi, o "Parnasianismo é o estilo das camadas dirigentes, da burocracia culta e semiculta. das profissões liberais habituadas a conceber a poesia como 'linguagem ornada', segundo padrões já consagrados que garantem o bom gosto da imitação".

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