sexta-feira, 28 de novembro de 2008

MODERNISMO NO BRASIL

A semana de Arte Moderna de 1922 tinha um objetivo: divulgar uma nova geração de artistas, escritores e intelectuais que lutavam pela renovação da arte brasileira e pela atualização da nossa cultura. A programação provocou muita polêmica e agitação. Alguns artistas receberam aplausos.Outros, relinchos e miados de uma atônita platéia.

Nessa época, a palavra MODERNISMO ainda não era corrente:FUTURIALISMO era o termo que se usuva para designar o movimento modernista.


EUCLIDES RODRIGUES PIMENTA DA CUNHA nasceu em 20 de janeiro de 1866 em Cantagalo, no Estado do Rio de Janeiro. Órfão de mãe desde os três anos, passou a ser criado por suas tias e depois por seus avós.

Aos 19 anos, depois de ter cursado um ano na Escola Politécnica, transferiu-se para a Escola Militar. Algum tempo depois, devido a um incidente de desacato ao Ministro da Guerra, foi desligado da Escola Militar, para onde seria reconduzido em 1890, logo após a proclamação da República.

Em 1896, depois de formar-se em Engenharia Militar e Ciências Naturais, abandonou definitivamente a farda, por causa dos caminhos tomados pela República. No ano seguinte foi para São Paulo, de onde sairia no ano seguinte como correspondente do jornal O Estado de S. Paulo, incumbido de fazer a cobertura da Guerra de Canudos.


MANUEL CARNEIRO DE SOUZA BANDEIRA FILHO nasceu em Recife, em 19 de abril de 1886. Ainda jovem, muda-se para o Rio de Janeiro, onde faz seus estudos secundários. Em 1903 transfere-se para São Paulo, onde inicia o curso de Engenharia na Escola Politécnica. No ano seguinte, interrompe os estudos por causa da tuberculose e retorna ao Rio de Janeiro. Desenganado pelos médicos, passa longo tempo em estações climáticas do Brasil e da Europa, onde toma contato com a poesia simbolista e pós-simbolista.




O Bicho

Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.

Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.

O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.

O bicho, meu Deus, era um homem.


PRIMEIRA FASE DO MODERNISMO

Saindo de São Paulo e do Rio de Janeiro, as idéias modernistas esparalharam-se pelo Brasil, gerando polêmicas e contribuindo para a formação de diversos grupos de vanguarda. É a primeira fase do modernismo.

Na primeira fase do modernismo, que vai de 1922 a 1930, surgiram várias revistas de arte, todas de curta duração: Klaxon (1922,São Paulo);Estética (1924,Rio de Janeiro); A revista (1925,Minas Gerais);Madrugada(1925,Rio Grande do Sul).


MÁRIO RAUL DE MORAIS ANDRADE é filho de Carlos Augusto de Moraes Andrade e Maria Luísa Leite Moraes Andrade e nasceu no dia 9 de outubro de 1893, na Rua Aurora, 320, em São Paulo.

Representante fundamental do modernismo, Mário de Andrade, após cursar as primeiras letras, matricula-se na Escola de Comércio Álvares Penteado, mas logo abandona o curso para ingressar, em 1911, no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo.

Descobrimento

Abancado à escrivaninha em São Paulo
Na minha casa da rua Lopes Chaves
De supetão senti um friúme por dentro.
Fiquei trêmulo, muito comovido
Com o livro palerma olhando pra mim.

Não vê que me lembrei que lá no Norte, meu Deus!
muito longe de mim
Na escuridão ativa da noite que caiu
Um homem pálido magro de cabelo escorrendo nos olhos,
Depois de fazer uma pele com a borracha do dia,
Faz pouco se deitou, está dormindo.

Esse homem é brasileiro que nem eu.





OSWALD DE ANDRADE, poeta, romancista e dramaturgo, nasceu em São Paulo em 11 de janeiro de 1890. Filho de família rica, estuda na Faculdade de Direito do Largo São Francisco e, em 1912, viaja para à Europa. Em Paris, entra em contato com o Futurismo e com a boemia estudantil. Além das idéias Futuristas, conhece Kamiá, mãe de Nonê, seu primeiro filho, nascido em 1914.


A Descoberta

Seguimos nosso caminho por este mar de longo
Até a oitava da Páscoa
Topamos aves
E houvemos vista de terra
os selvagens
Mostraram-lhes uma galinha
Quase haviam medo dela
E não queriam por a mão
E depois a tomaram como espantados
primeiro chá
Depois de dançarem
Diogo Dias
Fez o salto real
as meninas da gare
Eram três ou quatro moças bem moças e bem gentis
Com cabelos mui pretos pelas espáduas
E suas vergonhas tão altas e tão saradinhas
Que de nós as muito bem olharmos
Não tínhamos nenhuma vergonha.





FONTE:http://www.mundocultural.com.br/

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